Feto de mundo

Fingi ser um feto de mundo no museu da música. Nascido da façanha sutil do solstício. De um satélite eu latejava lentamente.

Era um ser que vagava pelos sussurros seguindo o maestro da noite.

Eu mudava de forma, ora era som, ora silêncio. Estava nos lenços e às vezes nas fitas das moças. Aqueles que me chamavam de mito ou de malandro não ousavam me aceitar. Mas eu estava lá.

Alguns me agarravam fascinados, virava farda. Fardo. Jogava-os no fundo do poço ou carregava-os pela fantasia formosa do futuro.

Era segredo, era saudade, mas nunca satisfação. Estava ao seu lado, à sua frente, refletido maravilhosamente na Lua.

Meu nome era solidão.

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