Diálogos de um poeta aflito

Coração de poeta é feito pássaro manso
que às vezes canta baixinho
de um jeito tão sofrido
uma tristeza de arrancar lágrimas
até em quem está feliz

Da sensibilidade Deus me abençoou
e veio então a poesia
Se eu pudesse escolher em nada mudaria
porque só o coração sofrido
sabe viver essa alegria

E como vive o tal poeta
Chora e ama, suporta e espera
Até o dia em que não suporta mais
aí faz poesia
Com os braços dormentes entrega pro mundo
o sofrimento que tanto lhe afligia

Se eu te fiz poesia
é porque o coração já não se aguenta
porque a dor
e o amor
estão virando poema

Mas do jeito que te amo
vou escrever tanto
que vai me custar a vida
dizer de nós dois

Quando (e se) eu partir
vai ser o nosso amor que me nutrirá os versos
E vou escolher alguém pra amar menos
menos doído pelo menos

Deixando-te fico certa
de que vou ter canto, dor e amor,
por muito tempo

Talvez foi assim que Deus quis
Disse menina
quando jovem vou te dar amor pra virar poesia
depois você segue e encontra alguém mais tranquilo
pra te fazer companhia

Ou não,
ou talvez eu floreie
e disfarce
o amor
que de tão grande
no coração ainda não cabe.


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