Alvoroço de um fim de tarde
Depois de um dia feliz e cansativo ela deitou na cama para observar a tarde.
O azul do céu equiparava-se aos olhos
que, preguiçosos, rendiam-se ao cansaço.
Ela podia ouvir o barulho das folhas e galhos balançando através da janela e um sentimento de satisfação e tranquilidade
tomou conta de si.
Deixou se recolher aos poucos. As
pernas, os braços, até fundir-se com a claridade amena e o barulho persistente
das árvores.
Entre um e outro abrir de olhos, o céu
mudava de tonalidade. O quarto foi ficando escuro e frio.
A noite adentrava
pela janela.
Aquele sentimento conhecido começou a
inundá-la. Um alvoroço que crescia no peito e se alojava na garganta.
Desconfortável ela sentiu o coração perder o ritmo. Virou-se inquieta e tentou
dormir mais uma vez. Não conseguiu. Diante do corpo inquieto ela aceitou a
necessidade de levantar.
Acabara a tarde.
Foi então que ouviu ele entrando pela
porta e sentando-se ao seu lado. Pôde sentir seu calor familiar. O alvoroço se
aquietou e o mar agitado em seu olhar voltou ao amparo da brisa
quente e amena.
Ele segurou sua mão e olhou em seus
olhos, esperando ela voltar de seus devaneios. Ela fitou seu olhar firme e
compreensivo.
__ Eu gosto quando você chega assim, no
início do fim de tarde. - ela sussurrou.
__ Eu estou aqui. - ele sorriu com
calma.
Ela se aquietou mais uma vez na cama,
próxima a ele, e retomou os sonhos de outrora.
__ Quando for embora fecha a janela para
mim? - ela pediu.
__ Hoje não preciso ir.
__ Que bom. Eu fico mais feliz assim.
Os olhos azuis se fecharam tranquilos e
ela deixou o calor em seu peito lhe embalar.
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